A Primeira República (1889–1930) é considerada um divisor de águas da história cultural brasileira graças ao modernismo. No entanto, muito do que foi escrito sobre o período deriva diretamente das concepções nacionalistas dos modernistas, que estabeleceram o paradigma da identidade nacional que ainda hoje é válido, o que leva à desconsideração dos trabalhos da geração que lhes é anterior. O objetivo deste artigo é problematizar emergência de um campo artístico autônomo no Brasil a partir de uma análise das tomadas de posição dos atores da época frente ao par “nacionalismo” e “cosmopolitismo”. O argumento central é que esse período marca o começo da ascensão de um regime artístico moderno no Brasil, que tem como base a ideia de autonomização de campo profissional, que se realiza em um espaço artístico e literário nacional secundário dentro do espaço mundial. Assim, para se autonomizar e proclamar sua liberdade estética, as artes no Brasil devem se libertar não somente da dominação política, mas também da dominação internacional.